terça-feira, 22 de julho de 2008


Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como outros viam.


Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.


Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.


Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alterava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demônio, ante meus olhos.


Edgard Allan Poe

6 comentários:

Unknown disse...

Hm... me simpatizei com este hehehe... Poema que combina com a pessoa ja começa no começo!!!!

Abraços
Cisco
www.borarir.net

Tulio Magalhães disse...

que bom q tenha gostado...
isso mostra que tudo está de acordo nesse blog que nada mais é o espelho de minha pessoa.

obrigado

Euzer Lopes disse...

Nossa... Profundo.
Solitário demais. Bem, não conheço solidão que não seja profunda.

Unknown disse...

Oi Túlio, mesmo sem me aprofunadr muito, adorei as imagens e este primeiro poema. Abraços e suxesso.
VOlto novamente com mais calma.

http://www.blogdaberenice.blogspot.com/

Unknown disse...

eu acho tudo o que o E. Alan Poe escreve muito triste, muito solitário e muito bonito...e é por isso que ele é muito bom, ele encontra beleza no sofrimento...
legal seu blog!

Alessandra...
vai no meu blog, que nem de perto é tão profundo como o seu, mas é por uma boa causa!
www.projetocabecadepano.blogspot.com
;)

sacodefilo disse...

Não conhecia este poema do Poe, mas achei interessante. Bem a cara dele... depressivo e incompreendido.
Para você ter uma idéia, dizem que o cara morreu de tanto beber numa mesa de bar..
Sei lá se é verdade, mas também é a cara dele.